quarta-feira, outubro 27, 2004

A esperança

Por duas vez nos últimos dias, um amigo, talvez motivado pelo último post, dirigiu-me a seguinte pergunta: "ué, o que aconteceu com a esperança? não era você que a defendia tanto?" Não sei bem o que respondi, mas não deve ter sido algo razoável, já que a pergunta se repetiu. O fato é que a esperança ainda está aqui, dentro do peito, fazendo bater este coração contraído e cansado. A esperança me trouxe até aqui. Levar-me-á em frente? Sinceramente não sei. Porque se devo perder tudo o que tenho para encontrar aquilo que mais me faz falta, então abro mão da esperança e fico vazio, fora de mim mesmo.

No começo desta história, eu não tinha nada para perder, mas daria tudo o que porventura tivesse. Foi-me dado aquilo que mais queria (mesmo que eu não soubesse disso) para que eu aprendesse com a dor da perda e descobrisse a esperança. Hoje, é só tudo o que tenho. Nada mais posso dar. E se tenho que sacrificar as batidas do meu coração, torço que o sacrifício seja na verdade "um bem aventurado salto para a eternidade". E mal posso esperar pelo resultado de tão melancólica jornada, já que, esgotadas todas as demais possibilidades, e, dada a fé com que sacrifico meu Isaque, só pode dar certo. E o que parece ser o fim é na verdade um novo começo. O começo de um estação quente com chuvas e tempestades ocasionais todos os dias. E eu mal consigo esperar para ver.

quinta-feira, outubro 21, 2004

Nada a dizer

Preciso escrever, mas não sei o quê. Se ao menos os pensamentos parassem de rodopiar como um furacão dentro de mim eu saberia. Ou se eu conseguisse responder as perguntas ao invés de apenas fazê-las. Então eu não precisaria divagar sobre minha incapacidade de achar graça diante dos seus olhos. Eu poderia esuqecer um pouco este mundo vão, vazio e aparente e simplesmente ser. Ser o homem com todas as respostas que eu gostaria e talvez deveria ser. Apontar o caminho a alguém ao invés de engrossar o coro dos perdidos com minha racionalidade (incredulidade) amarga e melancólica. E só há uma vantagem em estar tão longe: a única coisa a ser feita é voltar pra casa. Eu vi o mundo e analisei suas ofertas. Mas nada realmente me atrai como você. Então vou voltar para casa. Posso me perder mais uma vez no caminho, atraído pelo falso brilho do ouro dos tolos, tolo que sou. Mas todo engano dura pouco e logo encontro o caminho de volta. Principalmente com sua luz brilhando tão intensamente além do horizonte. Espere por mim... estou a caminho.

quarta-feira, outubro 13, 2004

Uma oração

Lágrimas, é sempre um bom sinal.

E enquanto elas insistem em molhar o meu rosto sei que está tudo bem.

Sei que posso começar de novo.

Sei que meu coração ainda bate para lhe dar espaço e isto dói, como deveria ser.

Sei que ainda sinto e sinto muito sua falta.

Sei que sou criança e ainda posso chamá-lo de Pai.

Sei que há esperança e que ela não tráz confusão.

segunda-feira, outubro 04, 2004

De volta (mais uma vez)

Não tenho nada para dizer em meu favor

E nem posso dizer que entendo sua dor

E enquanto vou e venho

Ainda sopra o vento

Provando que é fiel o seu amor

Às vezes nem eu mesmo consigo entender

Porque faço o que não quero fazer

E nesse meu dilema

O maior problema

É ficar ainda mais longe de você

Você vai até me perdoar eu sei

Mas e se eu falhar mais uma vez?

Quantas vezes você vai me receber de volta?

Quanvas vezes mais eu preciso tropeçar

Até aprender andar...

José de Morais