sexta-feira, abril 29, 2005

Poesia, para tirar a poeira

É melhor não se acostumar à solidão

Amanhã ou depois

Se o amor acontecer

Não vai doer tanto

Abrir mão do pranto

E sua companhia

Melancolia

E dividir o espaço

Vai ser mais fácil

Se não ocupá-lo todo

Como um tolo

Consigo mesmo

Consegue sim

Viver assim

A porta talvez fechada

Mas não trancada

E como quem não quer nada

Lance sempre a semente

E não se lamente

Espere o vento trazer

A chuva passar

O tempo

É o bastante

Se nascer viva

Se morrer... poesia

segunda-feira, abril 11, 2005

Na porta do bar

- Eu sabia que uma hora você ia me achar.

- E quem disse que eu estava procurando você?

- Você está sempre me procurando.

- Mesmo se eu estivesse, você não saberia...

- Eu sei... eu sei.

segunda-feira, abril 04, 2005

Crepúsculo

Estou tentando me lembrar do motivo pelo qual escrevi as primeiras poesias. O motivo pelo qual decidi expor minha alma ao vento. Fazia sentido então. Hoje já não sei. Escrevo para lembrar ou para esquecer? Respiro para viver ou para amar? E se amar não é viver, quem vai me devolver os anos que passaram sem que eu percebesse, ocupado demais que estava, até mesmo para crescer? E o que fazer com o tempo que resta? Se o pouco que eu quis escorregou-me a vida toda por entre os dedos destas mãos cansadas, que já não podem segurar mais nada. Nem mesmo a esperança, que ainda resiste e insiste em ceder seu lugar, mas que a cada suspiro de saudade, a cada abraço negado, a cada impulso contido, a cada não-deveria-ser-assim se confunde cada vez mais com resignação ou ressentimento, ou ambos. E eu já não tenho mais respostas, e nem mais sei se as quero. Só que tenho vivido... se é que tenho vivido.