Estou tentando me lembrar do motivo pelo qual escrevi as primeiras poesias. O motivo pelo qual decidi expor minha alma ao vento. Fazia sentido então. Hoje já não sei. Escrevo para lembrar ou para esquecer? Respiro para viver ou para amar? E se amar não é viver, quem vai me devolver os anos que passaram sem que eu percebesse, ocupado demais que estava, até mesmo para crescer? E o que fazer com o tempo que resta? Se o pouco que eu quis escorregou-me a vida toda por entre os dedos destas mãos cansadas, que já não podem segurar mais nada. Nem mesmo a esperança, que ainda resiste e insiste em ceder seu lugar, mas que a cada suspiro de saudade, a cada abraço negado, a cada impulso contido, a cada não-deveria-ser-assim se confunde cada vez mais com resignação ou ressentimento, ou ambos. E eu já não tenho mais respostas, e nem mais sei se as quero. Só que tenho vivido... se é que tenho vivido.