O homem ficou ali parado, suspenso, com os olhos marejados como quem quer chorar mas já não tem mais lágrimas, vendo o pai afastar-se indiferente como, deduzo, fizera a vida inteira. Assistindo à cena, me ocorre que aquele homem ali, sozinho, apesar dos seus mais de trinta anos não passa de um garotinho inocente esperando o pai voltar de uma longa viagem para poder abraçá-lo. Mas ele não vai voltar. Nem tampouco vão todos os outros que ele ousou chamar de pai, numa doce tentativa amarga de preencher aquele espaço vazio que o define, de reclamar para si o que era seu de direito, mas a vida por algum motivo lhe negara o que o fazia querer ainda mais.
Ali, parado, a dor maior é saber que ele pode conquistar o mundo, pode se tornar o melhor marido do mundo para alguma mulher, o pai que quisera ter tido, o amigo que só se encontra em histórias, mas toda vez que ouvir o nome, toda vez que, por menor que seja, uma circunstância lhe trouxer a lembrança de um daqueles momentos, ele sabe que seu coração vai se desmanchar no peito, batendo forte, dolorido, sem jeito. Ele sabe que vai se perguntar porque e por mais que encontre explicações, por mais que consiga tudo o que puder, por mais que seja, ainda assim se sentirá furtado, ainda assim se sentirá incompleto.
Olhei novamente e o homem ainda estava lá, com uma das mãos carinhosamente apoiada no vidro da janela numa última tentativa de alcançar, numa última tentativa de tocar. E assim permaneceu, até que o avião desaparecesse como se nunca tivesse estado lá. Só então ele virou-se para ir. E antes de dar o primeiro passo, ele suspirou profundamente. Seus olhos brilhavam quando abriu um alegre sorriso triste como que dizendo que mal podia esperar pela próxima vez. E se foi, como se nada tivesse acontecido.
Olá José...
ResponderExcluirÉ tão difícil falar agora... tá escuro.
Bom final de semna. Iluminado.
Bjos
se eu tivesse te contado essa cena (parece que vejo meu pai tb ir embora), vc n teria escrito com tanta perfeição. lindo texto, josé. meu beijo.
ResponderExcluirOi!!! Estava sentindo falata dos seus textos tristes...Pais são tão importantes, né??
ResponderExcluirEsta tua cena está muito boa!!!
Bjs menino!
José, pq vc é sempre tão melancolico? pq vc escreve textos tão lindos e... tão tristes???
ResponderExcluirE o pior é que eu amo!!! rsrsrs
Bjs,
Frau Lutz (Sra. Lutz, em alemão)será meu nome muito em breve (se Deus quiser)! rsrsrs
ResponderExcluirEu estou tratando de fazer ato profético, confessar a benção, e essas coisas todas que vc já sabe. rsrsrs
Bom fds!!!
Essa coisa de olhar as pessoas e tentar adivinhar seus sentimentos, fingindo, fingindo com tanta força que quase se acredita, que o que se faz não é, de forma alguma, simplesmente projetar-se nelas.
ResponderExcluirEssa coisa de chegar e passar o estalo daquele momento prá palavras, de matutar uma frase no caminho de casa e ver ela se abrir em mil outras frases e uns parágrafos e se dedicar a lapidar tudo aquilo ali até que fique bom.
Eu admiro isso rapaz. Muito mesmo.
Parabéns pelo texto.
cara, intenso, triste, mas verdadeiro, uma verdade q dói em muitos, pra não dizer em todos...
ResponderExcluirbelo texto!
Gosto quando você escreve coisas assim, vc tem uma veia poética pra tratar o cotidiano em crônicas e narrativas; como eu disse, investe mais nisso... abração!
cara, intenso, triste, mas verdadeiro, uma verdade q dói em muitos, pra não dizer em todos...
ResponderExcluirbelo texto!
Gosto quando você escreve coisas assim, vc tem uma veia poética pra tratar o cotidiano em crônicas e narrativas; como eu disse, investe mais nisso... abração!