sexta-feira, julho 15, 2005

Retratos

Seus olhos diziam claramente aquilo que os poetas tentam, muitas vezes em vão, dizer com palavras. Mas há muito as pessoas perderam a capacidade de 'ouvir' um olhar. Assim como perderam a sensibilidade para receber um gesto de amor, mesmo os mais puros, aqueles que só fazem mal quando ignorados. Já passara da fase de tentar entender, quando ficava imaginando o que se passava na cabeça daqueles que abraçava como quem abraça a vida. E para ele, era como se dissessem "tá, você gosta de mim, já percebi, mas essa é a última coisa que eu preciso". Por amar tanto aceitava que fosse assim, não sem sofrer. A verdade liberta, mas mesmo livre, até então escolhera a dor à segurança, pois cria ser isso viver. Mas estava cansado, a indiferença minava-o lentamente e a dor se tornara um castigo auto-imposto, sem objetivo e que começava a produzir ressentimento. Dissera a si próprio que iria até o fim, mas não queria chegar nesse ponto. Aceitava a amargura, mas não o ressentimento. Então resolveu tomar uma decisão, a mais drástica que já tomara em toda sua vida. Há muito que a considerava, sempre com pavor e desdém. Mas agora era a única coisa a fazer, nada mais importava. Precisava acabar de uma vez por todas com aquilo tudo. Vencido, tomou a decisão que adiara por tanto tempo. Resolveu... Finalmente resolveu crescer...

O coração era um transatlântico, grande como a palavra.

Mas transatlânticos também afundam. E este está à deriva há muito tempo...

12 comentários:

  1. Gosto dos seus textos, mas quase sempre acho-os melancólicos.
    Este é como os outros, melancólico, fiquei meio triste com este papo de que ele precisa crescer, no entanto, talvez seja verdade...

    Ah, estes dias passei uma tarde numa livraria e lembrei de vc!

    Bjs

    Ps: Se eu já vi o trailer?? Eu já decorei o trailer!! Alias, na primeira vez que vi até chorei...

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  2. Anônimo2:26 AM

    Bom retrato de um retrato! :)

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  3. É, os seus textos são melancólicos, mas acho que é exatamente por isso que me tocam tanto.

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  5. moço...
    eu gosto de seus textos...

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  6. Anônimo5:03 PM

    Putz, o que dizer de palavras tão tocantes? Me tocou como ha muito nada me tocava.
    Crescer, será tão ruim assim?talvez sim, qdo as pessoas deixam que a criança e a inocência interior adormeçam.

    Beijos, boa semana.

    Priscila

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  7. Anônimo9:07 PM

    ae ae ae!
    crescer e viver pode parecer dificil demais para nós...

    mas to começando a enxergar uma luz no fim do tunel...

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  8. Anônimo9:22 AM

    Esse texto foi pior do que um tapa.
    Espanque minha face, mas não maltrate meu coração.

    Nossa, estou chocada...

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  9. Anônimo9:23 PM

    fiz um blog novo, se vc gostar de politica da uma passada lá

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  10. nada pior do que ser ignorado..
    nada mais triste do que abrir mão da espeontaneidade do amor..
    belo texto =)

    passei pra dar um alô..
    beijos,

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  11. Campanha pela atualização dos blogs!!! Vamos lá Agasea!!!

    Bjs

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  12. Que saudade irmnão! O mundo das decisões. Desejos versus valores. Vontades versus dúvidas. É verdade, sempre crescemos quando acabamos por decidir. Abraços irmão!

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