O que é ter? O que é perder? Tenho pensado a respeito. E os comentários do post anterior lançaram novas luzes ao tema. A idéia que o originou e, talvez eu tenha falhado ao transmiti-la, é que se alguém não se importa em perder é porque na verdade nunca teve aquilo que perde. Sendo esse "não se importar" o que eu chamaria de a arte da perda. Mas, volto a perguntar: O que é perder? O que é ter? Claro, estou falando aqui de pessoas, relacionamentos. E nessa esfera, seria ter um sinônimo de amar? E sendo essa amor verdadeiro, pode-se chamar a separação - por qualquer que seja o motivo - de perda? Mesmo quando separados carregamos ainda no peito a lembrança e a intensidade de um sentimento que nem distância, nem tempo, e talvez, nem a morte conseguem apagar? E se o sentimento sobrevive, ter-se-á mesmo perdido algo? Perder é não ter? Não ter é estar longe? longe do coração amado? Não sei, e como costumo dizer, já não tenho respostas. Só sei que há um momento em que o ter se torna ser, quando o sentimento se apega de tal maneira a alma que esta já não o é sem ele.
Alguém diz: "Toda dor vem do desejo de não sentir dor". Concordo, mas penso que não é só isso que move a alma. A alma sabe que não há alegria sem sofrimento. O que a alma quer é uma dor que valha a pena, um preço justo que ela possa pagar por aquilo que imagina ser felicidade. A alma não rejeita a dor, muito menos as lágrimas. O que a alma se recusa é sofrer em vão ou sem saber quando ou quanto basta, ou ainda mais, se receberá ao final os louros da vitória. Pois uma vez que se experimenta o sabor da alegria, como a define Lewis, alma nenhuma mede esforços para obtê-la. Mesmo que seu valor seja inestimável e que o coração tenha já gasto toda sua fortuna tentando alcançá-la.
Por duas vezes nesta vida foi-me dada a escolha. Quando garoto e quando homem O garoto escolheu a segurança, o homem escolheu o sofrimento. A dor de agora é parte da felicidade de então.
Esse é o trato.