terça-feira, setembro 21, 2004

Carta a um amigo

Esta é mais uma das coisas que faço sem saber direito o porquê. Não é muito difícil enumerar explicações, mas ficaria sempre faltando a verdade que às vezes não queremos ver e muitas vezes só admitimos se for a nossa versão. O fato de estar escrevendo esta carta mostra o quanto sou tolo. Sim, tolo, pois somente um tolo insistiria numa causa que sabe perdida, sem nem mesmo alimentar a esperança de que, mais cedo ou mais tarde, nossos caminhos se encontrem onde Deus quiser. Talvez eu o faça por preferir ainda que seja apenas um vislumbre daquilo que deveria ter sido, a continuar como se nada tivesse acontecido. Talvez eu o faça para manter viva a lembrança das idéias que compartilhamos como se fossem durar pra sempre, mas que saíram de cena antes mesmo do show começar. Talvez, seja só mais uma das minhas desesperadamente naturais e cegas tentativas de abraçar tudo aquilo que mais amo e que insiste em escorregar por entre os meus dedos, quebrando sem que eu consiga segurar, por mais que eu tente, e sem que haja cura.

O fato é que as horas que passamos fazendo perguntas sem se importar muito com a veracidade e conseqüência das respostas eram uma distração agradável e quase necessária. E a verdade é que melhores que fossem nossas intenções, não chegamos a lugar nenhum e os dois saímos perdendo. Você perdeu algo que talvez repute por ganho, e eu perdi algo que na verdade nunca tive.

Não sei se faz falta, pois já estou me acostumando com a idéia de passar pela vida sem poder preencher (pelo menos de forma definitiva) algumas lacunas. Também estou descobrindo que por mais 'vocês' que eu encontre no caminho, o seu espaço estará sempre guardado e vazio. É... é assim. Simplesmente não consigo substituir amigos. Quando algum se vai e o coração dói, penso estar perdendo uma parte dele, mas na verdade o coração dói por abrir espaço para outros que virão, mas não ocuparão o seu lugar. É natural que existam limites para isso, mas, para minha dor, meu coração insiste em desafiá-los. Mais uma vez não tenho mais respostas, só o que tenho vivido. E você, que teve a oportunidade de olhar nos meus olhos, sabe muito bem o que eles dizem.

segunda-feira, setembro 13, 2004

Respiração (inacabado... ou não)

Procuro ansiosamente por ar

Mas você não está

Então esvazio-me por completo

Em suspiro lento e doloroso

Que expira o que palavras não dizem

Depois de lágrimas


Procuro sofregamente por ar

Mas você não está

Então deixo-me perder por completo

No vácuo da sua ausência

Onde a dor alimenta

E vivo da esperança


Procuro intensamente por ar

Mas você não está

Então já nem sei mais o que quero

Se é você ou sentir sua falta

José de Morais